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Estudo de caso 2. uso de práticas colaborativas para
adaptação às alterações climáticas no setor do turismo até
2040 - Área Metropolitana do Porto
Com base na importância crescente assumida pelas atividades recreativas ao ar livre e
na necessidade de adaptar as áreas urbanas aos novos desafios pós-pandémicos [5],
é essencial que o setor do turismo desempenhe um papel eficaz na resiliência climática.
Para tal, foi utilizada uma metodologia de investigação inovadora (baseada em
abordagens mistas), onde o debate sobre um conjunto de medidas de ação definidas
foi estimulado por métodos colaborativos, conforme a identificação, no contexto do
Inventário de Raciocínio Diagnóstico (IRD). Em primeiro lugar, seis estudantes
universitários participaram, no inverno de 2020-2021, no estudo com o lançamento de
orientações estratégicas preliminares para a adaptação do setor do turismo urbano, no
âmbito de algumas oportunidades decorrentes da situação pandémica. O segundo
método de colaboração utilizado foi a aplicação de um questionário Delphi
modificado a 45 investigadores e técnicos internacionais na primeira ronda e a 35
investigadores e técnicos internacionais numa segunda ronda, centrando-se na
previsibilidade das medidas para fazer face às alterações climáticas. O último foi um
workshop realizado para avaliar o que os participantes (enquanto turistas) estariam
dispostos a fazer, onde foram delineadas algumas das principais ações a serem
realizadas em diferentes horizontes temporais.
A observação de espaços urbanos como “organismos vivos” substitui a ênfase em
certas ações em espaços específicos da cidade, tais como os verdes, praças,
coberturas verdes, jardins verticais ou fachadas verdes [34, 35].
Portanto, a teoria do urbanismo tácito aplicada ao turismo e a atividades conexas visa
repensar os espaços urbanos associados a várias dimensões, entre as quais os fluxos
gerados pelo turismo, as funções do espaço construído (edifícios, habitação,
equipamento e infraestruturas), a estimulação da sociabilidade e a compreensão
destas intervenções e a sua capacidade de readaptação da cidade a futuros cenários
de alterações climáticas [27, 36]. A integração de critérios qualitativos-quantitativos
(QUAL-QUANT) é fundamental para a avaliação da eficácia da adaptação às
alterações climáticas. Nesta perspetiva, esta investigação partilha as posições
defendidas por vários autores [33, 37, 38] com base na importância de definir
recomendações ao nível das orientações de conceção urbana. O modelo sugerido
relativamente à adaptação das áreas urbanas para a melhoria do prazer turístico
baseia-se nas abordagens propostas no Diagrama do Lugar, em Whyte (1980) [8], PPS
(2000) [39], Jacobs (2016) [40] e, mais recentemente, Santos Nouri e Costa (2017) [41]
com a introdução da dimensão do conforto térmico.
Com base nesta investigação, foram encontradas medidas de planeamento urbano e
setorial para melhorar o prazer turístico do espaço urbano face às condições climáticas
e meteorológicas, bem como no contexto das alterações climáticas. De facto, embora
existam atualmente condições termicamente agradáveis para o turismo
(particularmente durante o verão), no futuro, podem tornar-se escassas devido ao
aumento de fenómenos extremos, tais como ondas de calor.
Foram identificadas vinte e três medidas prioritárias a serem implementadas a curto,
médio e longo prazo. Estas medidas devem basear-se numa intervenção orientada
pelas autoridades governantes (nacionais e locais) estruturada no governo local,
empresas, turistas e ações comunitárias locais. Não serão fáceis de implementar,
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