Consumo sustentável
Segundo a Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (OMTNU, 2008), “o turismo compreende as atividades de pessoas que viajam e permanecem em lugares fora do seu ambiente habitual durante não mais do que um ano consecutivo para fins de lazer, negócios e outros fins”.
A produção turística não é um produto simples, mas sim uma vasta gama de bens e serviços interligados para realizar uma experiência turística, que compreende tanto partes tangíveis (por exemplo, hotel, restaurante, companhia aérea), como aspetos intangíveis (por exemplo, pôr do sol, paisagem, humor). A compra e consumo/produção efetiva de serviços turísticos (por exemplo, bilhete de avião, refeição, bilhete de entrada) pode frequentemente ser episódica para atividades “não mercantis”, tais como passeios turísticos independentes, caminhadas, ou banhos de sol.
As viagens já se tornaram uma parte inseparável da vida humana. Contudo, o turismo, como qualquer outro setor económico, não traz só benefícios económicos aos Estados, como também cria alguns problemas graves como o consumo excessivo de energia e o aumento dos efeitos negativos ambientais, incluindo as alterações climáticas. Também devido ao turismo e à expansão das viagens, a natureza é desaproveitada, os destinos turísticos sofrem de elevados fluxos e a qualidade de vida da população local é afetada negativamente. de modo a diminuir os efeitos negativos do turismo, a Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (OMTNU) elegeu o ano 2017 – como o ano do turismo sustentável e convidou toda a população mundial a viajar, seguindo os princípios do turismo sustentável e a recorrer às comunidades locais (OMTNU Turismo Sustentável 2017).
Apesar de muita investigação nesta área, o desenvolvimento sustentável do turismo é um processo dinâmico, constantemente a enfrentar novos desafios, com as mudanças nas tecnologias e nos aspetos de consumo do turismo.
O turismo é um dos setores económicos mais importante nos principais países. Conforme o World Travel and Tourism Council (2020) em 2018, o setor Travel & Tourism registou um crescimento de 3,9%, ultrapassando o da economia mundial (3,2%) pelo oitavo ano consecutivo. Nos últimos cinco anos, um em cada cinco postos de trabalho foi criado por este setor, tornando as Viagens & Turismo o melhor parceiro para os governos gerarem emprego. Portanto, o turismo como um dos maiores setores económicos do mundo, apoia um em cada 10 empregos (319 milhões) mundialmente e gerando 10,4% do PIB global. Embora o mercado do turismo dependa da saúde e do ambiente, muitas vezes afeta-os simultaneamente de forma negativa.
Como resultado, foram criadas várias orientações para o futuro desenvolvimento de um turismo sustentável, fornecendo os principais indicadores ambientais para o setor, incluindo a atenuação das alterações climáticas, redução da poluição, utilização de energias renováveis, eliminação de resíduos (UNEP – Making Tourism More Sustainable, 2004; OMTNU Sustainable Tourism 2017). Como já foi mencionado anteriormente, as inovações, investigação e desenvolvimento tecnológico podem fornecer soluções significativas para lidar com os desafios ambientais do desenvolvimento do turismo. Na presença de tal situação, o ritmo do desenvolvimento tecnológico tem sido abrandado e, como resultado, há um prejuízo não só para a economia, mas também para a natureza, uma vez que faltam novos passos no sentido da utilização de energias renováveis. A utilização de energias renováveis tem um impacte direto na mitigação das alterações climáticas. Os resultados da anterior crise económica ainda se fazem sentir em todo o mundo e, à medida que o crescimento das economias de outros países abrandou; a economia europeia tem poucas hipóteses de se transformar numa poderosa força económica. O investimento no desenvolvimento tecnológico vem sendo notado, assim como o enfoque nas questões sociais de sustentabilidade. É também importante mencionar que em caso de melhoria da qualidade de vida – o turismo desempenha um papel essencial. A qualidade de vida é um dos objetivos mais importantes do desenvolvimento sustentável, sendo também pertinente para o setor do turismo em termos de prestação de serviços, bem como da qualidade de vida dos residentes nos destinos turísticos.
Embora as questões do turismo sustentável estejam principalmente ligadas à promoção do turismo verde e social, existem dimensões importantes de competitividade que devem ser abordadas, uma vez que a competitividade é vista como uma das principais dimensões económicas da sustentabilidade para o setor do turismo. O principal problema identificado com base numa revisão sistemática da investigação sobre o turismo sustentável é o de encontrar possibilidades de alcançar as três dimensões da sustentabilidade (económica, social e ambiental) em conjunto, ou seja, desenvolver negócios turísticos competitivos, abordando os desafios ambientais e sociais do desenvolvimento turístico de forma holística. A revisão sistemática da literatura sobre questões de competitividade do turismo poderá fornecer respostas relevantes sobre a forma de negociar entre as dimensões social, económica e ambiental do desenvolvimento do turismo sustentável.
Sistema de gestão da sustentabilidade para operadores turísticos, que inclui um esquema de rotulagem ecológica para qualificar os fornecedores de operadores turísticos: estruturas de alojamento, restaurantes ou outras empresas turísticas (por exemplo, fornecedores de atividades turísticas, tais como excursões, lazer, passeios turísticos).
Intervenientes finais: Os turistas que reservam serviços turísticos e pacotes completos de férias por operadores turísticos e agências de viagens;
Rótulo ecológico de tipo I (ISO 14024:1999) para estruturas de alojamento e parques de campismo.
Intervenientes finais: Os turistas que reservam alojamento turístico de forma autónoma; agências de viagens e operadores turísticos.
Prémio voluntário para destinos turísticos, tais como praias e marinas. A Fundação para a Educação Ambiental na Europa (FEAE) apresentou, em 1987, o conceito da Bandeira Azul à Comissão Europeia, tendo sido acordado o lançamento do Programa Bandeira Azul como uma das várias atividades do “Ano Europeu do Ambiente” na Comunidade.
Intervenientes finais: Turistas
Outros rótulos ambientais turísticos
Rótulos ambientais e declarações de serviços turísticos. A maioria dos rótulos são Rótulos Ambientais Tipo I (ISO 14024:1999) e caraterizam-se por uma disseminação à escala regional (por exemplo, Legambiente Turismo, The Green Key, Milieubarometer, Ibex label, e muitos outros).
Intervenientes finais: Os turistas que reservam as suas próprias férias de forma autónoma; agências de viagens e operadores turísticos.
Iniciativa Voluntária para a Sustentabilidade no Turismo
A Iniciativa Voluntária para a Sustentabilidade no Turismo (IVST) é uma norma técnica que estabelece o quadro segundo o qual os rótulos ecológicos turísticos credíveis devem funcionar na Europa. O objetivo desta iniciativa era, portanto, reunir rotulagem turística com uma base comum, também para aumentar a capacidade de reconhecimento do rótulo pelos turistas. A IVST é também a designação da associação que faz a sua gestão.
Intervenientes finais: Os turistas que reservam as suas próprias férias de forma autónoma; agências de viagens e operadores turísticos.
Ferramenta europeia online e gratuita de monitorização e avaliação comparativa para reduzir a carga ambiental e os custos das organizações de alojamento turístico.
Intervenientes finais: Hotéis e parques de campismo
Ferramenta de fácil utilização na Internet para comparar o consumo de energia, CO2 e outras emissões atmosféricas de modos de transporte alternativos (por exemplo, aviões, carros e comboios) para viajar por toda a Europa.
Intervenientes finais: Viajantes
Resumo
Dadas as previsões de um papel crescente dos setores turísticos na economia mundial, os aspetos ambientais e os impactes gerados pelas atividades turísticas devem ser considerados com precisão. No quadro das políticas de desenvolvimento sustentável, o “Plano de Ação para um Consumo e Produção Sustentáveis (PAECPS) e uma Política Industrial Sustentável (PIS)” (Comissão Europeia, 2008) é um elemento de base na UE. Conforme esta política, foi desenvolvida uma vasta gama de instrumentos ambientais para fins de avaliação e certificação de viagens e serviços turísticos. Questões para reflexão: Que instrumentos e iniciativas ambientais apoiam atualmente a aplicação do Plano PAECPS no setor das viagens e turismo? Quais são as caraterísticas-chave e os instrumentos que podemos combinar para tornar o setor mais sustentável do ponto de vista ambiental e com baixas emissões de carbono? |