Introdução
O aumento continuado da popularidade da tendência do ecoturismo entre os viajantes significa que, mais do que nunca, é importante para os proprietários de hotéis introduzir grandes mudanças e implementar soluções que poupem recursos naturais. Os clientes são atraídos por hotéis sustentáveis do ponto de vista ambiental, pois são cada vez mais frequentemente pessoas com consciência ambiental que prestam atenção ao desperdício de água e energia. Segundo o estudo “Awareness of climate change” [1], os consumidores polacos prestam cada vez mais atenção à responsabilidade das empresas em termos da sua abordagem à ecologia. Nove em cada 10 pessoas estão disponíveis para pagar mais pelos produtos e serviços das empresas que se preocupam com o ambiente e 21% dos inquiridos escolherão sempre uma marca amiga do ambiente, independentemente da diferença de preço. Além disso, numa pesquisa realizada com um grupo de 500 hóspedes, 94% confirmaram a ecologia como uma questão importante [2]. Vale a pena, portanto, procurar soluções que deem ao alojamento uma vantagem sobre a concorrência. Evidentemente, um hotel deve também proporcionar condições adequadas aos seus hóspedes durante a sua permanência. É importante encontrar um equilíbrio entre soluções que reduzam o consumo de água e de energia e garantam o conforto e a experiência positiva dos hóspedes. O enorme consumo de energia nas instalações hoteleiras tem um impacte negativo no ambiente, uma vez que até 60% da pegada de carbono de um hotel provém do consumo de energia [3].
Os dados atuais mostram que as soluções técnicas e as fontes de energia renováveis por si só não serão suficientes para melhorar a eficiência energética dos edifícios, incluindo os locais de alojamento turístico. A participação ativa dos colaboradores e o envolvimento dos hóspedes é essencial para reduzir o consumo de energia. Todos têm de pensar todos os dias no que podem fazer para poupar energia. Não sendo essencial para uma política energética eficaz do hotel, como também serve de inspiração para dar um novo significado às operações do hotel. A eficiência energética é um elemento-chave da política ambiental de qualquer alojamento e cada membro do pessoal e hóspede deve contribuir ativamente para promover um ambiente e negócios mais sustentáveis.
Uma melhoria da eficiência energética proporciona aos proprietários dos alojamentos e aos seus gestores, poupanças que se refletem num impacte positivo no resultado financeiro global, aumenta o conforto dos hóspedes e demonstra o compromisso com a proteção ambiental. Considerando o aumento significativo dos preços da energia, tanto atual como futuro, as medidas para reduzir o consumo de energia são muito importantes, especialmente do ponto de vista dos proprietários dos alojamentos. Gerir este tipo de negócio está associado a um enorme consumo de energia. A maioria da energia necessária serve para proporcionar aos hóspedes conforto. Aquecimento, ventilação e ar condicionado representam, em média, 61% do seu consumo (Fig. 1) [4].
Se se quiser melhorar a eficiência energética do alojamento, vale a pena começar com uma análise completa do consumo de energia e encontrar os pontos onde a gestão energética é menos eficaz. É benéfico que, para tal, seja realizada uma auditoria, com um plano de otimização energética, podendo neste caso ser contratada a uma empresa de auditoria profissional. Uma auditoria energética é o ponto de partida para introduzir mudanças que aumentem a eficiência do edifício. É difícil reduzir os custos sem verificações e medições adequadas. Uma análise detalhada do consumo real de energia permitirá implementar um plano racionalizando as despesas necessárias para a manutenção do alojamento.
O consumo de energia de um alojamento é influenciado pelos seus parâmetros físicos e operacionais. Os parâmetros físicos correspondem ao tamanho e tipo de estrutura, a disponibilidade de instalações funcionais, como restaurantes, cozinhas, lavandarias interiores, piscinas e centros desportivos, centros comerciais e SPA, localização geográfica e condições climáticas, tipo de sistemas de energia e água instalados e como são operados e mantidos. Por outro lado, os parâmetros operacionais que influenciam o consumo de energia incluem horários de trabalho para as referidas instalações, qual a sua localização no edifício, serviços oferecidos, alterações nos níveis de ocupação, práticas de poupança de energia, os hábitos e comportamento dos colaboradores e dos hóspedes.
Figura 1. Estrutura do consumo de energia num hotel
Os Estados-membros da União Europeia (UE) declararam a sua adesão aos princípios do desenvolvimento sustentável. A Polónia, por exemplo, introduziu este princípio na constituição antes da sua adesão à UE. A implementação dos princípios do desenvolvimento sustentável é uma resposta aos problemas contemporâneos, sendo o resultado de uma economia global centrada unicamente na maximização do lucro económico. O desenvolvimento sustentável nos seus pressupostos consiste na melhoria sustentável da qualidade de vida das gerações presentes e futuras, criando um equilibro adequado entre os três tipos de capital: económico, humano e natural [1]. Significando que o ambiente é a ação base, a economia é a ferramenta e o bem-estar da sociedade é o objetivo do desenvolvimento. Nesta perspetiva, a compreensão do conceito de qualidade de vida, inclui a satisfação das necessidades económicas, sociais e naturais. Portanto, esta tem uma função integradora, ao satisfazer as necessidades dos três tipos de capital anteriormente referidos para assim se manter o equilíbrio. Em simultâneo, a qualidade de vida tem uma função, enquanto está sob avaliação no que diz respeito à justiça social, além de ser um critério de avaliação, da análise do impacte dos investimentos, na qualidade de vida das comunidades locais.
A importância da qualidade de vida no desenvolvimento sustentável deu origem ao conceito de consumo sustentável. A qualidade de vida consiste em mais do que o consumo de bens económicos. É também a satisfação de necessidades sociais (por exemplo, família, amigos, cultura, tempos livres) e naturais (por exemplo, ar puro, alimentos seguros e saudáveis, uma paisagem agradável). Portanto, uma questão-chave no consumo sustentável é a compreensão da qualidade de vida. No processo de globalização, esta é equiparada à prosperidade económica, e o capital económico é o único critério que importa para o desenvolvimento. Em suma, podemos afirmar que os princípios do processo de globalização estão em oposição aos princípios do desenvolvimento sustentável.
A questão do consumo em economia é bem conhecida, especialmente no que se refere ao equilíbrio do consumidor e do consumo sustentável. No entanto, é importante perceber que o equilíbrio do consumidor pode ser entendido como a combinação ótima dos bens consumidos. A análise do consumo sustentável centra-se nas escolhas de compra e na sua otimização. Portanto, tal como no processo de globalização, a compreensão da qualidade de vida considera também as questões económicas e de consumo sustentável, centrando-se no capital económico. Logo podemos afirmar que esta estratégia está a revelar-se insuficiente, uma vez que o capital natural e a dimensão social do consumo são subvalorizadas.
O consumo sustentável é suposto refletir-se no conjunto de escolhas racionais orientadas para satisfazer as necessidades dos consumidores, mas também para alcançar objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). A ideia é que as escolhas de consumo não devem fazer com que outros consumidores fiquem em desvantagem, especialmente no que diz respeito à satisfação das suas necessidades básicas. Em simultâneo, as escolhas atuais não devem limitar o consumo futuro, especialmente no que se refere às escolhas das gerações futuras. Esta é a implementação do princípio da equidade intra e intergeracional. Significando que um fator-chave na realização do consumo sustentável são as escolhas feitas pelos consumidores individuais, bem como os padrões sociais em que estes funcionam.
A publicidade é importante na formação dos níveis de consumo. A mensagem universal de qualquer publicidade é a promessa de felicidade que o consumidor alcançará após a compra de um bem anunciado. Ceder aos padrões de consumo promovidos pela comunicação social conduz a um estado de bem-estar dos consumidores, que no que lhe concerne é a causa do hiperconsumo. A concentração no consumo de todo o tipo de bens sustenta atitudes socialmente negativas, fomenta o desenvolvimento de excesso de exigência, alienação e, em casos extremos, reduz o ser humano a um objeto de consumo. O consumo fácil e excessivo leva à indiferença, torna os bens descartáveis, promove o egoísmo, capitulação e solidão [2]. Desta forma, forma-se uma sociedade de consumo, desequilibrada tanto no domínio material como no domínio das relações sociais. Como consequência, há um número crescente de pessoas obesas ou que sofrem de doença crónica ou com várias dependências, pessoas socialmente desajustadas, disfuncionais e com problemas de identidade. Uma caraterística da sociedade de consumo é a reivindicação de disponibilidade imediata e fácil de todos os bens para proporcionar prazer, conforme os princípios do hedonismo. Os bens de consumo devem ser entregues rapidamente e em abundância, para proporcionar prazer e todo o processo de consumo deve ser registado para apresentação nas redes sociais.
Na Natureza, o excesso de consumo tem consequências óbvias em termos de utilização dos recursos naturais utilizados na produção e distribuição de bens de consumo. Em simultâneo, o aumento da produção, impulsionado pela procura crescente, gera um fluxo crescente de resíduos, um problema tão grave como a diminuição da oferta de recursos naturais.